Trânsito do DF, desafios, soluções e expectativas em dez anos
Crescimento das cidades e da população aumenta a demanda por transporte de qualidade na capital. O que dizem os especialistas, usuários e poder público sobre o assunto
O trânsito do Distrito Federal, se comparado a grandes metrópoles como o Rio de Janeiro e São Paulo, ainda é considerado de boa qualidade. Mas a cidade projetada para 500 mil habitantes cresceu e hoje tem uma população estimada em 3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Toda essa gente divide espaço com a frota de veículos em circulação, que conforme levantamento feito em abril deste ano pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) registrou a marca de 1,9 milhão. Desses, 1,3 milhão (69%) correspondem a carros e 224 mil (11%) são motocicletas.
Diante de todos os números é impossível não fazer questionamentos como qual o tempo estimado para se chegar ao trabalho, escola ou faculdade? Existe uma grande diferença no tempo de deslocamento com carro, ônibus ou metrô? E os pedestres e ciclistas têm espaço no trânsito?
Todas essas perguntas recaem sobre a questão da mobilidade no Distrito Federal. Ainda que não sejam engarrafamentos intermináveis, há diversos pontos de retenção, em horários específicos na cidade. Na Zona Central por exemplo, mesmo com seis pistas, o Eixo Monumental no início e no fim do dia concentra uma grande quantidade de carros. O mesmo acontece com a Estrada Parque Taguatinga (EPTG), composta por cinco pistas em cada sentido. Até mesmo com a reversão de faixas, a Via Estrutural nem sempre está com circulação livre. Por outro lado, os usuários do transporte coletivo e dos trens do Metrô-DF constantemente reclamam de superlotação.
Avançar é preciso
O professor e doutor em trânsito pela Estácio Brasília, Artur Morais, defende que o Distrito Federal precisa criar avanços na mobilidade. Para ele, a forma de circulação mudou e continua em constantes inovações. Morais ressalta que as ações precisam ser planejadas e executadas conforme a realidade da população.
“O trânsito de hoje não é o mesmo de dez anos atrás. E isso é normal, a cidade se expande e aumenta o número de carros, de pessoas, de circulação. Porém, mobilidade urbana não se resume a duplicação de vias. É muito além do que pensar em apenas quem dirige. É voltar os olhos para quem faz uso do carro e também para o pedestre que precisa caminhar pelas vias”, diz.
Considerada um dos símbolos de educação no trânsito, o professor lembra que a faixa de pedestre completou 24 anos em abril e ainda hoje é avaliada de forma positiva na capital. De acordo com o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), desde 1997, quando a faixa começou a ser utilizada, o número de pedestres mortos no trânsito reduziu consideravelmente.
No estudo realizado pelo Detran-DF, no comparativo de dez anos atrás, com 2020, os números diminuíram cerca de 72%. Em 2010, 154 pedestres perderam a vida no DF; em 2015, 112 pessoas morreram e, em 2020, 44 pedestres vieram a óbito. Até abril desde ano, 12 brasilienses tiveram a vida ceifada.
Ainda segundo o levantamento, em 2010 e 2015, a faixa etária dos mortos era de 30 a 39 anos. Em 2020, a idade aumentou e foi para 40 a 49 anos. Em todos os anos, os homens foram os que mais morreram no DF.