CEGUEIRA IDEOLÓGICA

CEGUEIRA IDEOLÓGICA

A sociedade brasileira vive uma divisão política que parece cada vez mais profunda, marcada por uma polarização entre esquerda e direita que transforma o debate público em um campo de batalhas ideológicas. Essa divisão se manifesta de maneira preocupante: os que se alinham à esquerda frequentemente defendem cegamente os desmandos de governos de orientação progressista, enquanto os que estão à direita fazem o mesmo em relação às gestões conservadoras. Essa postura de defesa intransigente, alimentada por uma cegueira ideológica, cria um cenário onde as críticas racionais e a busca por soluções equilibradas ficam em segundo plano.

Esse panorama é, de certo modo, um “mundo dos sonhos” para os políticos, independentemente de sua orientação ideológica. Ao fomentar a polarização e se beneficiarem do fervor ideológico de seus eleitores, conseguem evitar a responsabilização por seus erros e decisões controversas. Afinal, quando a fidelidade ao “time” político é mais importante do que a análise crítica de ações governamentais, os governantes podem agir sem medo de perder o apoio de suas bases.

Nesse contexto, os eleitores acabam aprisionados em uma dinâmica de “nós contra eles”, onde não conseguem enxergar alternativas fora da dualidade esquerda-direita. A política, que deveria ser o espaço para o diálogo, a construção de consensos e a busca pelo bem comum, torna-se um jogo de interesses no qual o eleitor é reduzido a um espectador fiel e acrítico.

O desafio para a sociedade brasileira é romper esse ciclo. É preciso superar o maniqueísmo político e recuperar a capacidade de diálogo e reflexão crítica, independentemente de preferências ideológicas. Só assim será possível construir um futuro em que os governantes sejam efetivamente cobrados por suas ações, e os interesses da população prevaleçam sobre os interesses dos partidos e das figuras públicas. Enquanto a cegueira ideológica persistir, a democracia seguirá refém dessa polarização, para a alegria dos políticos que se beneficiam dela.

Celivaldo Elói

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