O ensino superior é um dos principais responsáveis pela reinvenção profissional que estamos vivendo
O ano de 2020 trouxe muitos desafios para a área da educação, as dificuldades nos colocaram à prova, mas, também nos proporcionaram uma nova visão para as oportunidades de ensino, conhecimento, aprendizado e desenvolvimento profissional
Em um ano em que o mercado de trabalho foi drasticamente afetado com demissões, perdas financeiras e falências, houve também um despertar e uma procura de mão de obra inovadora, criativa e especializada. Há mais de 20 anos atuando na área da educação, sempre trabalhei um tema com meus alunos que se encaixa muito na visão do que os executivos têm em mente: o lifelong learning, ou seja, o aprendizado para a vida toda, no qual somos eternos aprendizes do que a vida tem a nos proporcionar, e o ensino superior, neste ano, foi a prova de que o conhecimento que ele nos oferece é capaz de salvar. Foi durante uma roda de conversa (Café virtual com o Reitor), que um relato me tocou e me fez refletir ainda mais sobre o poder transformador que as universidades e nós, profissionais da educação, temos sobre o ensinar e transmitir aprendizado.
Um de nossos alunos do curso de pedagogia relatou que a partir de seu aprendizado sobre o uso das ferramentas e plataformas digitais para o ensino, despertou nele uma visão ainda mais além sobre as tecnologias, algo que até então ele detestava. A partir desse interesse, ele começou a estudar e a entender sobre como a plataforma se comunicava com os alunos, tendo uma linguagem simples e explicativa no âmbito virtual, logo, depois dessa imersão (e novo hobbie) ele passou a ajudar os colegas de classe a utilizarem essa plataforma. Aqui, eu queria propor uma pequena reflexão: e se esse aluno não tivesse tido interesse de ingressar em uma graduação, será que ele teria despertado tal conhecimento e sagacidade a ponto de ter ajudado seus amigos? Parece clichê, mas a resposta é nítida: a educação é um agente transformador e muito generoso que diariamente ajuda a salvar o mundo em diferentes vertentes.
Dando sequência a esta linha de pensamento quero aprofundar em algumas das áreas profissionais no qual o ensino superior se fez valer principalmente agora na pandemia, e despertou, naturalmente, a evolução da mão de obra e a busca por novas especializações, além da valorização de profissionais que antes eram deixados de lado.
Uma das grandes revoluções foi na área de T.I, onde mais do que nunca, esses profissionais tiveram que se reinventar no ambiente cibernético. Com a pandemia, as pessoas ficaram ainda mais imersas ao ambiente digital: compras por sites e aplicativos para poderem se alimentar; uso de plataformas online para poderem trabalhar e estudar; portais online de atendimento e consultas, são alguns dos exemplos. Mas, para que tudo isso pudesse funcionar com sincronia, os grandes responsáveis por esta maestria são os profissionais da área de T.I, e devido a esse grande consumo, tiveram que se reinventar ainda mais para proporcionar tecnologias melhores, e, consequência disso, foram as exigências por profissionais mais qualificados tais como especialistas em cibersegurança, cientistas de dados, designer, entre outros. E aqui, uma nova reflexão: isto só foi possível graças ao estudo, ao ingresso que essas pessoas decidiram seguir no ensino superior, e que os ajudou a serem esses agentes transformadores diante desta realidade.
Agora vamos além e falar de uma profissão que sempre foi de extrema importância, se tornou ainda mais importante, e terá uma crescente e procura muito alta nos próximos anos: a fisioterapia.
Até então, o público mais leigo, tinha o conhecimento que os fisioterapeutas eram responsáveis apenas por auxiliarem a reabilitação de pessoas debilitadas, mas, durante a pandemia descobriram que a profissão vai muito mais além: eles são os responsáveis pelo manuseio dos ventiladores mecânicos, aparelho este fundamental por auxiliar na respiração de quem está internado e com problemas respiratórios na UTI. Logo, qual foi a grande demanda dos hospitais e da área do ensino superior: o primeiro a busca por profissionais especializados para o manuseio deste aparelho; o segundo, a oferta para especializar quem já estava graduado e quis se reinventar para poder aprender uma especialização que ainda na graduação não lhe chamou atenção. Reflexão: graças ao ensino superior e as especializações vidas foram salvas.
Já nas profissões que até então eram desvalorizadas em alguns nichos, estão os publicitários, os profissionais da área de comunicação digital, o marketing, os estrategistas. Profissão essa que detém as mentes mais criativas e pensantes para sempre se diferenciar no mercado. Mas, qual foi a crescente? Na pandemia uma grande parcela de executivos que tinham até então um pensamento engessado acerca de introduzir o seu negócio no mundo digital, mas, que por necessidade, tiveram que quebrar esse tabu e confiar nas mãos desses profissionais o seu empreendimento para sobreviver.
E é aí que a criatividade, pessoas especializadas e inovadoras se destacaram, pois, por mais massificante que o mercado de vendas e publicidade das empresas cresceu estrondosamente, os que se reinventaram, diferenciaram e fugiram do padrão, obtiveram bons resultados. Reflexão: o que antes tal empreendimento era conhecido somente em sua região, passou a ser conhecido por todo seu município, cidade e estado, graças a esses profissionais da comunicação que um dia estudaram, se identificaram ainda na graduação e seu nicho no mercado. Logo, mais uma vez, o ensino superior salvou, agora, no mercado de trabalho.
Porque eu trouxe todas essas reflexões? Justamente para poder reafirmar que um dos grandes agentes transformadores para nós podermos nos reinventar é a educação. Por isso, a grande inspiração se materializa quando nos tornamos eternos aprendizes, e esse é o grande conceito por trás do lifelong learnig. Aqui, instigamos você a refletir sobre o seu papel na sociedade enquanto agente transformador, e, se você não desistir, der o primeiro passo, você pode sim ajudar a mudar o mundo, deixá-lo mais justo, esperançoso e alegre.
Por: Denis Lopes, reitor da Estácio Brasília, Mestre em Administração e especialista em Docência no ensino superior.
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