Insegurança psicológica por causa da pandemia: confira 10 dicas de como conter este sentimento na saúde mental das crianças
Psicóloga e Doutora em educação, Helen Lima dá dicas para os pais de como conviver, conversar e lidar com os filhos neste “novo normal” devido a pandemia do Covid-19
O pós-quarentena devido a pandemia do Covid-19, já nítido em muitos lugares, e, com ele novos formatos de vida foram desenvolvidos por causa das medidas de contenção ao vírus, que provocou profundos impactos em nossas rotinas, principalmente na de quem é pai.
Neste atual contexto provocado pela pandemia, nossas tarefas diárias se misturam em um mesmo lugar. Nossa casa, agora, é também o espaço de trabalho dos adultos, e a escola das crianças. Diante deste novo cenário, inédito para a maioria de nós, é comum sentirmos dificuldades como uma possível falta de atenção com os filhos, conversas e brincadeiras, o que, querendo ou não, pode atrapalhar de uma forma significativa no desenvolvimento social e intelectual dos pequenos.
Logo, precisamos pensar nas possibilidades de ação/intervenção junto às crianças, em que destacamos:
- Converse com a criança e explique o que está acontecendo. Fale de forma natural, sem transparecer seus próprios medos e inseguranças, considerando o que é necessário que ela saiba, e até onde sua capacidade cognitiva seja capaz de compreender as informações.
- Leve à criança a compreender que este é um momento sensível, que requer cuidados, mas que logo vai passar. Deixe que o pequeno fale também, expresse seus sentimentos e pensamentos acerca da realidade. Esta fala pode lhe ajudar a compreender o mundo interno da criança e suas necessidades e, com isso, ter instrumentos para buscar os meios de ajudar a criança a se fortalecer e enfrentar o momento.
- Busque formas alternativas de manter as relações com as pessoas significativas. Explore as tecnologias: faça videochamadas, façam vídeos, grave mensagens de áudios deles para enviar para seus familiares e amigos.
- Cuide dos vínculos de afeto. Apesar das múltiplas tarefas que temos assumido, não podemos deixar de cuidar das relações. Construa memórias afetivas para que, ao final, as lembranças das crianças sejam positivas, de momentos de alegrias, partilhas e vivências positivas.
- Mantenha uma rotina. Mesmo em casa, é necessário organizarmos nosso dia e tarefas para não gerarmos sentimentos extra de ansiedade, frustração, estresse ou improdutividade. A rotina, inclusive, é importante para a construção subjetiva das crianças e de sua formação enquanto sujeitos sociais. Separe tempo para as diferentes atividades, envolve as crianças nas atividades de casa, deixe a criança participar desse planejamento. Mas não se esqueça de que a rotina pode ser flexibilizada conforme as demandas que ocorrerem.
- Nesta rotina, separe um momento tranquilo para a realização das tarefas escolares. Busque um momento adequado tanto para elas, quanto para você que será o mediador desse processo. Evite pressões e cobranças. Adeque os espaços, tempos e recursos.
- Não deixe de fora os momentos de lazer e família. Esses momentos alimentam a saúde mental e fortalecem o vínculo afetivo.
- Prepare o espaço da casa. Nesta nova dinâmica, aquele espaço anterior não nos permite condensar todas as atividades em um mesmo lugar. Então, que tal separar um cantinho especial para as crianças, onde elas possam brincar, criar, simbolizar, produzir, imaginar? Que tal criar novas funções para os móveis, como transformar a mesa em uma cabaninha, por exemplo?
- Valorize o brincar. O brincar é uma atividade extremamente importante para o desenvolvimento infantil, pois estimula todas as suas dimensões e permite à criança a expressão de sua emocionalidade e a significação de suas experiências e conflitos internos. O brincar permite que a criança signifique o mundo à sua volta, logo, a experiência da pandemia e suas consequências. Lance mão das brincadeiras, brinquedos e jogos costumeiros, mas busque, também, novas formas de brincar, como games ou brincadeiras interativas. Não deixe de fora as brincadeiras que trabalham o movimento, quer seja para estimular a dimensão psicomotora, quer seja para permitir que a criança extravase sua energia física.
- Evitem expor as crianças às situações e conteúdos desnecessários, especialmente os conflitos entre os adultos. Elas precisam se perceber em um ambiente social emocionalmente seguro para sentirem-se bem e seguras.