Psiquiatra orienta sobre cuidados com a saúde mental em tempos de pandemia
Meditação, leitura e ajuda ao próximo são algumas das medidas recomendadas para atravessar este período de distanciamento social
Há pouco mais de um mês, o mundo mudou. Lojas fechadas, aulas suspensas e a recomendação de que as pessoas deveriam ficar em casa, como forma de evitar a contaminação por coronavírus, mudaram a rotina de muita gente. O isolamento social, porém, pode trazer outro problema: os impactos na saúde mental.
“Todos reagem de maneira diferente a situações estressantes. Como você responde à pandemia pode depender de sua formação, da sua história de vida, das suas características particulares e da comunidade em que você vive”, destaca a referência técnica distrital em Psiquiatria da Secretaria de Saúde, Fernanda Benquerer.
Segundo a profissional, os grupos que podem responder mais intensamente ao estresse desta crise incluem os idosos e as pessoas com doenças crônicas, por terem mais riscos em caso de contraírem a Covid-19, além dos profissionais de saúde e as pessoas que já tenham algum transtorno mental.
Ela destaca que os medos que podem influenciar no estado mental das pessoas incluem preocupação com a questão financeira, medo de adoecer, sentimentos de desesperança e tédio, ansiedade. Isso pode ocasionar alterações de sono, concentração nas tarefas diárias e reações de estresse.
“Os estressores à população durante a epidemia podem ter consequências de longo prazo nas comunidades e nas famílias, também. Porém, para além dos desafios, emergem, em meio às turbulências, consequências positivas. Em momento críticos, as pessoas se orgulham por terem encontrado alternativas para lidar com a situação e terem desenvolvido resiliência”, comenta Fernanda Benquerer.
A psiquiatra destaca que, em desastres, os membros da comunidade frequentemente mostram altruísmo e cooperação. Além disso, as pessoas experimentam um sentimento de satisfação em poder ajudar os outros.
“A construção de um sentido para o que é vivenciado também traz certo alívio. É inevitável pensar sobre quais são as nossas prioridades na vida”, ressalta.
Saiba mais:
O que fazer
Fernanda Benquerer dá algumas dicas de como aumentar o bem-estar neste período de isolamento social. “Planeje uma rotina mesmo que fique dentro de casa. Se estiver em trabalho remoto, faça pausas e se movimente durante o período de trabalho. Sugerimos pausas de cinco minutos a cada 1 hora de trabalho, e preferencialmente que as pausas sejam ativas”, orienta.
A psiquiatra também aconselha que as pessoas evitem ficar muito focadas em notícias sobre a pandemia. “Busque informações sobre outros assuntos. Mas, caso venha a procurar notícias sobre o coronavírus, vá a fontes oficiais e seguras e evite as notícias sensacionalistas”, detalha.
Fernanda também pede que as pessoas tenham cuidado ao passar informações para crianças e idosos. “Proteja suas crianças, sem fomentar nelas o medo ou o pânico. Ofereça espaços para que elas expressem seus medos e fantasias em relação ao tema. Ensine de forma lúdica e simples como ela pode se proteger”, orienta.
Sem estresse
Para relaxar, ela sugere que as pessoas busquem atividades como meditação, ouvir música, assistir a filmes e até mesmo aproveitar o momento para fazer cursos online. Organizar a casa, como aqueles armários em que há muito tempo não se mexe, também é uma boa saída para ocupar a cabeça.
“Não cobre de si mesmo tanta produtividade e desempenho nas atividades, não crie expectativas sobre quando a quarentena terminará, mas se lembre de que este momento vai passar”, frisa.
Ela também orienta a buscar formas de ajudar a sua comunidade – familiares, vizinhos, trabalhadores. “A solidariedade e a cooperação auxiliam os dois lados e aumentam a satisfação e os vínculos sociais”, complementa a psiquiatra.
Fernanda destaca ainda que vários sentimentos desagradáveis são normais neste período. “Podemos também desenvolver mais tolerância e aceitação conosco e com os outros”
Ajuda
A profissional, porém, sugere que as pessoas procurem ajuda se estiverem em sofrimento importante. “Não me refiro só à ajuda médica. Pode ser atendimento psicológico também. Inclusive os psicólogos já estão autorizados a teleatendimento há alguns anos, a regulamentação médica é que é bem recente. Na Secretaria de Saúde há algumas propostas sendo estruturadas. Os serviços de saúde mental da rede estão funcionando”, destaca.
Entre as ações da Secretaria de Saúde está a produção de vídeos com práticas integrativas e dicas de autocuidados, que estão sendo disponibilizadas nas redes sociais.
* Com informações da Secretaria de Saúde
Por: Agência Brasília